Nos séculos XIX e XX, a demanda do mercado econômico se voltou não apenas para as áreas urbanas, mas também para as áreas agrícolas, sobretudo, no desenvolvimento da pecuária. Esse processo desencadeou a ida de migrantes especializados em criar gado para a região da Alta-araraquarense (Noroeste) de São Paulo.

Nessa época, as terras passaram a ser incorporadas ao processo de expansão das frentes pioneiras que visavam expandir a economia nacional e garantir o povoamento de territórios distantes. Esta ação resultou no deslocamento de povoadores para a criação do gado no Noroeste de São Paulo. Dessa forma, corredores de gado se irradiavam pelo interior do Estado de São Paulo com os boiadeiros conduzindo a boiada do sul de Mato Grosso aos frigoríficos e invernadas paulistas.

A ocupação do Noroeste paulista

A ocupação do Oeste paulista aconteceu na segunda metade do século XIX e foi permeada por dois precursores: os índios e os mineiros. Esses mineiros eram provenientes das áreas decadentes da mineração. Tal impulso produziu junto às populações das zonas mineradoras ondas migratórias que rumaram em direção às terras do nordeste e noroeste paulista, do sul goiano, do triângulo mineiro, bem como do sul de Mato Grosso.

A principal atividade econômica exercida pelos mineiros era a prática da agricultura e a criação de gado. Os precursores mineiros penetravam pelos planaltos ocidentais paulista até o Noroeste do estado, entrando pelos rios Grande e Paraná, vindos do Triângulo Mineiro e Paranaíba (cidade pertencente ao atual Mato Grosso do Sul). Este caminho servia de comunicação entre Mato Grosso e Minas Gerais, “interligando-se por meio da estrada de Uberlândia e Uberaba, passando pela capela de Santa Rosa (atualmente Iturama e por Frutal). Essa estrada serviu como rota no período de mineração e também para transporte de gado e de outras mercadorias.

As famílias mineiras e as matogrossenses, que se instalaram nas terras do Noroeste paulista, eram dotadas de experiência vinculada ao comércio de gado. Essa prática incentivou a ocupação da região dada a proximidade de rios, como também pontos de fácil travessia e qualidade das terras para o pasto.

Os recriadores de gado, instalados em terras do interior paulista, estenderiam suas fazendas nos limites de Barretos em direção ao Porto do Taboado, nas margens do Rio Paraná. Tal caminho permitia a permanência de trocas comerciais ligadas à pecuária entre os estados de Mato Grosso e São Paulo. Os investimentos por parte de empresas frigoríficas fizeram com que famílias oriundas de Mato Grosso optassem por se deslocar para áreas próximas às terras paulistas ou nestas localizadas, incluindo a beira da Estrada Boiadeira.

A densa vegetação que cobria as margens do rio Paraná representava um empecilho para o povoamento da região. As matas que cobriam a atual região Noroeste eram tão extensas e densas que a cidade de Mirassol, último povoado fundado em 1910, recebeu o nome inicial de São Pedro da Mata Una. Contudo, o registro de uma extraordinária geada na região produziu o ressecamento dessa vegetação, tornando-a vulnerável à propagação das queimadas realizadas pelos próprios pecuaristas mineiros, sedentos por ampliar seus domínios. A partir daí, ocorreu a formação de pastagens destinadas ao rendimento dos animais, modificando a paisagem local.

Com a abertura da Estrada Boiadeira, foi possível transacionar suprimentos aos peões de boiadeiro que percorriam este caminho tangendo boiadas, possivelmente num ritmo cada vez mais frequente. Mais tarde, os frigoríficos nacionais e internacionais instalaram-se na região e toda uma rede econômica passou a se desenvolver ao redor do sistema, alavancado pela comercialização do gado.


Fonte: www.periodicos.ufms.br 

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