Enquanto existir roça, a figura do caipira fará parte da paisagem. Assim como a saborosa, fresca e saudável culinária do interior, geralmente feita em fogão à lenha. Desde que o homem se estabeleceu na zona rural, o ambiente natural favoreceu um estilo de vida tranquila, típica de regiões onde predominam lavouras e criações de galinhas e porcos. Com o tempo, essa população vem diminuindo, mas agricultura familiar exerce um forte atrativo para manter um contingente considerável de gente vivendo na zona rural.
Ao ocupar o “interiorzão" do país, ao longo dos séculos, esse grupo de pessoas desenvolveu um tipo de culinária própria, proveniente dos alimentos cultivados e colhidos por eles mesmos, em seus sítios e chácaras. Os principais ingredientes estão ao alcance de suas mãos. Além de alimentá-los, lhes dão o sustento através da comercialização.
O porco e a galinha continuam sendo as proteínas mais usadas, já que são criações animais muito comuns nesses locais. Os moradores do interior contam que era comum usar praticamente todas as partes do corpo: carne, tripas, gordura e o que mais pudesse ser aproveitado. Hoje, nem tanto.
Entre as grandes receitas estão o leitão à pururuca, cuscuz caipira de legumes, arroz tropeiro, bolinho caipira de fubá, vaca atolada, farofa de linguiça, feijão tropeiro, virado à paulista, bolinho de mandioca, rabada, angu e cabidela miúda. Só de pensar nesses pratos já dá vontade de correr pra roça atrás de um bom prato caipira!
Comida caipira
No sertão do Nordeste, devido ao clima, a carne-de-sol, feijão, milho, rapadura e pratos elaborados com raízes, como a mandioca são os mais populares. No interior, uma das tradições são as festas juninas que contribuíram com a produção de diversas receitas, como cuscuz, pamonha, milho cozido ou assado, canjica, cocada, pé de moleque, arroz-doce.
Os pratos do interior possuem cheiro e sabor característicos de um povo que tem muita história para contar. Ao longo dos anos as receitas foram ganhando novas versões, mas continuam a dar água na boca. Conheça algumas delas:
Paulista
Há quem atribua a comida caipira aos pratos mineiros. Mas há também quem diga que a culinária típica do interior começou com os paulistas lá no século 16, quando o feijão, a farinha e a carne de porco começaram a se tornar muito comuns no cardápio brasileiro. Outros ingredientes eram galinha, milho, farinhas de mandioca e de milho. Alguns historiadores contam que o povo do Planalto Paulista viajava bastante e, devido ao deslocamento, precisavam de alimentos fáceis de carregar e guardar. Um dos pratos comuns da época era o virado de feijão. Tinha também o cuscuz, o curau, a canjica e muitos outros que existem no nosso cardápio até hoje.
Mineira
Vemos que essa culinária também é muito comum nos pratos mineiros. Acredita-se que os bandeirantes paulistas que passaram pelo estado deixaram grande influência de suas técnicas, receitas e costumes para os povos que encontraram pelo caminho. Por isso, é muito comum dizer que a comida não é mineira nem paulista, apenas caipira.
Como era e ainda é feita
Na época em que a comida caipira tornou-se comum no interior paulista, ela era preparada no fogão dos tropeiros, em que as panelas ficavam apoiadas em uma armação de três varas de ferro ou de pau verde em estilo tripé por cima do fogo. Podiam usar também um fogão improvisado no meio do cupinzeiro chamado tucuruva. Ao longo do tempo os instrumentos foram se aperfeiçoando e deram origem ao fogão a lenha como conhecemos hoje.
Fonte: Acervo A Voz da Serra