Seu Zilo, barbeiro “de gerações”, na sua cadeira histórica (Jornal Folha Caipira, ano 21, edição 281)
No rosto do homem caipira não é qualquer um que bota a mão, por isso que existem os barbeiros. Do verbo barbear, é o que faz a barba e o bigode. Cortar o cabelo é um detalhe. O homem do interior não tem nem nunca teve mão de moça, delicada, para poder fazer o serviço direito. Barbeiro que se preze conserva a destreza para um trabalho meticuloso e correto. É na cadeira da barbearia onde está seu trono, onde sua dignidade aflora através das ferramentas bem afiadas, movimentos precisos e detalhes que marcam cada personalidade.
Em Ibirá, trabalhar todos os dias, inclusive aos domingos e feriados, é coisa de barbeiro, como comprovam os barbeiros Zilo, Ico e Tau. O mais antigo de todos é Ângelo Volta, de 80 anos e 60 de profissão. Como todo bom barbeiro, só vai parar de trabalhar quando Deus mandar. Seu Zilo, como é conhecido, fez cabelo, barba e bigode de gerações.
“Aprendi com meu tio, o saudoso João Barbeiro”, conta. Ele mostra para a reportagem as mudanças em suas ferramentas, como a antiga navalha e as máquinas mecânicas de aparar. Na cadeira, faz a foto para a reportagem. “É a primeira e última da minha vida”, conta.
Para o barbeiro Ico Teixeira, da tradicional Barbearia do Ico, sua cidade passa por uma ótima fase. “Nossa cidade é maravilhosa, todos são recebidos com carinho, com hospitalidade e sempre tem gente de fora dando um trato no visual”, afirma Ico, que tem 48 anos e faz parte da nova safra de barbeiros. Embora já esteja completando 32 anos de profissão, é o ícone dos cortes mais modernos e que agrada os mais jovens.
A cidade também fazia a alegria dos representantes de lâminas de barbear, como seu José Quarto. Aos 87 anos, percorria a região vendendo lâminas, aparelhos, tesouras e outros utensílios de barbearia. “Para se fazer a barba num bom barbeiro, tem que ter as minhas lâminas, que são as melhores”, conta.
Fonte: Jornal Folha Caipira, ano 21, edição 281.